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Última atualização em 22/8/2025

Cargas perigosas: o que são, tipos e normas

Leia tudo sobre o transporte de carga perigosa, incluindo líquidos inflamáveis, oxidantes, materiais radioativos e mais.
Caminhão com símbolo inflamável.

Se você atua no setor logístico, certamente, entende o que é uma carga perigosa. Porém, como esse é um assunto altamente relevante, nunca é demais se atualizar sobre o tema, concorda?

As cargas perigosas representam riscos devido à sua natureza química, como corrosividade, inflamabilidade e toxicidade. Produtos como materiais radioativos ou líquidos inflamáveis podem causar danos graves ao meio ambiente, além de comprometer a segurança de quem manipula ou transporta essas substâncias.

Neste artigo, falamos sobre cargas perigosas, não apenas apresentando seu conceito e tipos, como também as normas que regem seus transportes e as tecnologias usadas. Atualize-se! Boa leitura.

O que são cargas perigosas?

Cargas perigosas é como chamamos materiais ou substâncias que, devido às suas propriedades químicas, físicas ou biológicas, representam risco. Esse perigo pode ser para a saúde humana, para o meio ambiente ou para a segurança de pessoas e bens.

As cargas perigosas incluem produtos inflamáveis, explosivos, tóxicos, corrosivos, radioativos, gases sob pressão, entre outros.

Quem regulamenta as cargas perigosas?

No Brasil, o transporte desse tipo de carga é regulamentado por diversos órgãos governamentais, que estabelecem normas e fiscalizam o cumprimento das legislações pertinentes referente a ela.

Placas indicando carga perigosa
Diversos órgãos regulamentam o transporte de cargas perigosas. (Foto: Getty Images)

O principal órgão responsável pela fiscalização é a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT): regulamenta e fiscaliza o transporte terrestre de cargas perigosas, estabelecendo padrões e normas técnicas para essas operações. A Resolução ANTT nº 5.998/2022 (uma adaptação das recomendações da ONU) atualiza o Regulamento para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos e aprova suas Instruções Complementares;

>> Entenda mais sobre os tipos de cargas.

Vamos falar, agora, sobre tecnologia no transporte de carga perigosa?

Principais tecnologias empregadas no transporte de cargas perigosas

Há diversas tecnologias usadas em conjunto no monitoramento de cargas perigosas.

Podemos mencionar o rastreamento por GPS; uso de sensores IoT e telemetria, que controlam variáveis como temperatura, pressão e vibração; e sistemas de Gerenciamento de Frotas, que integram rastreamento e monitoramento do desempenho de veículos e motoristas.

A tecnologia RFID também é utilizada para identificação automática e rastreamento de cargas por etiquetas de radiofrequência, enquanto o controle remoto e segurança eletrônica permitem o bloqueio de veículos em situações críticas.

Outras soluções incluem softwares de conformidade, que facilitam o gerenciamento digital de regulamentos e documentação, e câmeras inteligentes, que monitoram a cabine e as condições de carga. Além disso, o monitoramento biométrico avalia a condição dos motoristas, como fadiga e estresse, proporcionando maior controle e segurança durante o transporte.

Finalmente, a aplicação de Big Data e IA permite a análise de dados em tempo real para prever riscos e melhorar a segurança no transporte.

Todas essas tecnologias, em conjunto, asseguram maior segurança, rastreamento eficiente e conformidade na transferência de cargas perigosas. Você já as conhecia?

Tipos de cargas perigosas

Há diversas classes de cargas perigosas e elas são divididas em classes.

Homem vestido de EPI
Há 10 classes de cargas perigosas. (Foto: Getty Images)

Entenda.

Classe 1: explosivos

Explosivos são substâncias e artigos que conseguem produzir uma reação química resultante em explosão, produção de calor, luz, gás ou pressão em alta velocidade.

Alguns exemplos desse tipo de carga são dinamite, munições, fogos de artifício.

Suas divisões são:

  • Explosivos com risco de explosão em massa;
  • Explosivos com risco de projeção, mas sem risco de explosão em massa;
  • Explosivos com risco de incêndio e pequeno risco de explosão ou projeção;
  • Explosivos que apresentam apenas riscos menores;
  • Explosivos insensíveis que apresentam risco de explosão em massa;
  • Artigos extremamente insensíveis sem risco de explosão em massa.

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Classe 2: gases

Na classe 2, temos os gases, que são substâncias sob pressão, liquefeitos, dissolvidos ou em forma de aerossóis. Suas características de risco são a inflamabilidade, toxicidade, asfixia, explosividade.

Podemos dividir esses gases:

  • Gases inflamáveis, como propano, gás de cozinha (GLP);
  • Gases não inflamáveis, não tóxicos, como oxigênio comprimido, hélio;
  • Gases tóxicos, como cloro, monóxido de carbono.

Classe 3: líquidos Inflamáveis

Líquidos inflamáveis são um tipo de líquido com um ponto de fulgor (a temperatura mais baixa em que podem formar uma mistura inflamável com o ar) abaixo de 60 °C. Alguns exemplos de inflamáveis são a gasolina, o etanol, os solventes de pintura e os querosene.

Deve-se ficar muito atento às suas características de risco. Líquidos inflamáveis são de fácil ignição, propagação de fogo, liberação de vapores inflamáveis.

Classe 4: sólidos inflamáveis, substâncias que reagem espontaneamente e que produzem gases inflamáveis em contato com água

Nessa classe temos diversos produtos cujas características de risco são a inflamabilidade e a reação violenta com água ou oxigênio.

Podemos dividir a classe 4 da seguinte forma:

  • Sólidos inflamáveis que queimam rapidamente e podem se inflamar devido à fricção, calor ou umidade, como os fósforos;
  • Substâncias que reagem espontaneamente, ou seja, são termicamente instáveis, como os fósforos brancos;
  • Substâncias que, em contato com água, produzem gases inflamáveis, como o sódio metálico.

Classe 5: substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos

Na classe 5, temos produtos cujas características de risco são a reatividade elevada e a intensificação de combustões. Nesse grupo encontramos substâncias como nitrato de amônio e peróxido de benzoíla. Ela se divide em:

  • Substâncias oxidantes que liberam oxigênio e podem intensificar incêndios;
  • Peróxidos orgânicos que são termicamente instáveis e podem reagir de forma explosiva.

Classe 6: substâncias tóxicas e substâncias infectantes

Nas substâncias tóxicas e substâncias infectantes, temos produtos como pesticidas e amostras de vírus ou bactérias infecciosas. Tratam-se de:

  • Substâncias tóxicas que podem causar graves danos à saúde humana por inalação, ingestão ou contato com a pele;
  • Substâncias infectantes contendo microrganismos patogênicos.

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Classe 7: materiais radioativos

Materiais radioativos são aqueles que emitem radiação ionizante, capazes de causar efeitos danosos à saúde humana e dos animais (e até a morte, dependendo do grau de exposição) e ao ambiente, não só a curto como também a longo prazo. Exemplos de materiais radioativos são o urânio, o cobalto-60, césio-135, materiais muito usados na medicina e em algumas indústrias.

Classe 8: corrosivos

Ácido sulfúrico (H₂SO₄), Hidróxido de sódio (NaOH), a famosa soda cáustica, e Hidróxido de potássio (KOH) são apenas algumas das substâncias corrosivas comumente transportadas. Suas principais características que representam riscos, é, de fato, a corrosividade, quando em contato perigoso com pele, olhos e até materiais.

Classe 9: substâncias e artigos perigosos diversos

Por fim, temos a classe 9, com as substâncias que apresentam perigo durante o transporte, mas que não se enquadram nas outras classes. Nesse caso, temos como características variados riscos, dependendo do produto.

Por exemplo, as baterias de lítio são perigosas para o meio ambiente e requerem controle especial. Elas são difíceis de reciclar, possuem diversos componentes, como níquel, manganês e cobalto e podem emitir gases que pode causar efeito estufa.

>> Descubra como diminuir a emissão de gases da sua frota.

Bom, diante de tantas classes de produtos e substâncias perigosas, estão mais do que justificados os cuidados em todas as etapas, antes, durante e após o transporte, concorda? Leia sobre os principais pontos de atenção ao se conduzir cargas perigosas a seguir!

Etapas e cuidados no transporte de cargas perigosas

O transporte de cargas perigosas requer uma série de regras e cuidados para garantir a segurança de todos os envolvidos, proteger o meio ambiente e evitar acidentes.

As regulamentações variam conforme o modo (rodoviário, ferroviário, aéreo ou marítimo), mas há diretrizes gerais que se aplicam a todas as modalidades:

1. Classificação e identificação

As cargas perigosas devem ser classificadas conforme suas características de risco (explosivas, inflamáveis, tóxicas, etc.) com base em normas internacionais, como as recomendações da ONU adaptadas pela ANTT.

Elas devem ser identificadas com rótulos e etiquetas adequadas que enunciam claramente o tipo de risco que apresentam.

2. Documentação

Ao se transferir cargas perigosas, é necessário portar um Documento de Transporte (como o Manifesto de Carga Perigosa ou Declaração de Carga Perigosa), que contém informações detalhadas sobre a natureza dos materiais, quantidade, número da ANTT, classe de risco e informações do expedidor e transportador.

Aliás, certificados específicos e autorizações podem ser exigidos para a condução de determinados materiais perigosos.

3. Embalagem

As embalagens devem ser apropriadas e certificadas para o transporte de cargas perigosas, garantindo que resistam às condições normais sem permitir vazamento, ruptura ou deterioração do material.

Devem atender às especificações da ANTT e de outros reguladores nacionais, conforme aplicável, incluindo resistência a impactos e proteção contra contato com o meio ambiente.

4. Marcação e rotulagem

As embalagens devem ser marcadas com os números de identificação da ANTT, nomes apropriados para embarque, rótulos de risco, instruções de manuseio e outras informações essenciais.

Veículos e contêineres que transferem cargas perigosas também devem ser identificados com placas de segurança.

5. Transporte e manuseio

Os motoristas e demais profissionais envolvidos no transporte de cargas perigosas devem possuir capacitação específica (por exemplo, treinamento em segurança e resposta a emergências).

Outro ponto importante é que os veículos utilizados para o transporte precisam estar conforme os regulamentos de segurança, incluindo inspeções regulares e equipamentos de segurança obrigatórios, como extintores de incêndio.

Deve-se seguir as rotas especificadas ou autorizadas pelas autoridades (em alguns casos, há restrições para áreas urbanas ou áreas sensíveis).

6. Armazenamento temporário

Cargas perigosas em trânsito devem ser armazenadas temporariamente de forma segura, em locais apropriados, que minimizem o risco de vazamentos, contaminações ou exposição a fatores ambientais.

7. Condições de transporte

Durante o transporte de cargas perigosas, deve-se garantir que a carga está devidamente presa e que não há risco de movimentação que possa causar danos à embalagem ou aos produtos.

Deve-se evitar exposição a altas temperaturas, umidade, choques e outros fatores que comprometam a segurança.

8. Resposta a emergências

Os transportadores devem ter planos de contingência e estar preparados para responder a emergências, como vazamentos, incêndios ou acidentes. Esses profissionais têm de seguir protocolos de comunicação com as autoridades em caso de acidentes.

Também devem contar com equipamentos de segurança, como kits de contenção de vazamento e extintores de incêndio, que precisam estar disponíveis e em boas condições.

9. Restrições e proibições

Por se tratar de cargas perigosas, os materiais podem ter restrições quanto ao modo, rotas ou condições climáticas. Alguns podem até mesmo ser proibidos de serem levados por determinadas vias, ou em áreas densamente povoadas.

Portanto, é importante verificar se há regulamentos locais, regionais ou nacionais específicos para o transporte de certos materiais.

10. Capacitação dos profissionais

Todos os profissionais envolvidos, incluindo motoristas, operadores de carga e outros trabalhadores, devem passar por treinamentos regulares em segurança, regulamentos aplicáveis, manuseio e resposta a emergências.

11. Inspeção e monitoramento

Autoridades locais e nacionais podem realizar inspeções durante o transporte para garantir que todas as normas estão sendo cumpridas. Isso inclui verificações de documentos, condições do veículo, embalagens e rotulagem.

Seguir essas regras e cuidados reduz os riscos de acidentes e impactos ambientais e garante a segurança no translado de cargas perigosas, promovendo uma operação eficiente e responsável.

O transporte de cargas perigosas, como substâncias corrosivas, líquidos inflamáveis e oxidantes, exige rigoroso controle e atenção às regulamentações. Seguir normas estabelecidas por entidades como a ANTT é essencial para garantir a segurança no transporte rodoviário de cargas que apresentam grande quantidade de perigos potenciais.

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Equipe Localiza Gestão de Frotas
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